segunda-feira, 24 de junho de 2013

Especial Novelas: Escalada (1975)


Tarcísio Meira era o protagonista Antônio Dias
Escalada conta a trajetória de um homem que conhece o fracasso, dá a volta por cima e busca a vingança ao longo de três décadas, marcadas por momentos importantes na história do Brasil. A trama começa no início dos anos 1940, quando o jovem caixeiro-viajante Antônio Dias (Tarcísio Meira) chega à cidade de Rio Pardo, no interior de São Paulo, disposto a crescer na vida. Dinâmico e com jeito para os negócios, ele começa a incomodar o cafeicultor Armando Alcântara Magalhães (Milton Moraes), o homem mais poderoso da região, e os dois se tornam inimigos. Isso não impede que Antônio se apaixone por Marina (Renée de Vielmond), a irmã do rival. Embora também esteja apaixonada, ela cede à pressão do irmão e casa-se com o fazendeiro Paschoal Barreto (Cecil Thiré), com quem vai morar nos Estados Unidos. Desiludido, Antônio se casa, mais tarde, com Cândida (Susana Vieira), dona da fazenda Santa Isabel. 

Renée de Vielmond viveu Marina
A crise mundial do café está em curso, e o mercado procura novas formas de diversificar a economia. Antônio decide apostar todas as suas fichas na plantação de algodão, na fazenda de Cândida, mas sua inexperiência, somada à oposição constante de Armando, o levam a perder toda a safra e a falir. Forçado a vender a fazenda e as terras ao inimigo, e envergonhado da própria desgraça, ele vai embora de Rio Pardo para recomeçar a vida em outro lugar.  A segunda fase da novela começa em 1956. Antônio Dias é agora um pequeno empresário baseado no Rio de Janeiro, capital da República. Já maduro, ele parece ter perdido o velho ímpeto empreendedor e se tornado um homem amargurado e frustrado. Não superou os fracassos do passado e não se satisfaz com a vida confortável que leva com a mulher, o filho Ricardo (Mário Cardoso) e o sogro Arthur (Ênio Santos). Também não conseguiu jamais esquecer Marina. Seu casamento com Cândida está acabando, e os dois frequentemente falam em separação.

Nathália Timberg e Sérgio Britto
A vida de Antônio muda quando ele conhece o industrial italiano Valério Fachini (Sérgio Britto), dono de uma firma de materiais de construção. Os dois se tornam sócios e decidem se arriscar numa aventura: participar da construção da futura capital do país. Antônio viaja para o local onde está sendo construída Brasília e passa a representar a empresa de Fachini no fornecimento de material para as obras. Quando a capital é concluída, ele já é um homem rico. Nesse meio tempo, Antônio se separa de Cândida e reencontra Marina, que voltara separada dos Estados Unidos. Os dois descobrem que ainda se amam. Os 12 capítulos finais de Escalada constituem a terceira fase da história de Antônio Dias. Aos 70 anos, ainda casado com Marina e morando em uma fazenda perto de Rio Pardo, ele trama a vingança que significará sua realização pessoal, e arremata as terras de Armando. 
 
Tarcísio Meira e Lutero Luiz
Produção 
O enredo de Escalada apresentava diferentes fases. A cada mudança de época na trama, a equipe de produção praticamente começava outra novela. Novos cenários eram construídos, novos profissionais se juntavam ao elenco, e a maquiagem e o figurino dos atores, cujos personagens envelheciam durante a história, eram alterados. Para fazer a maquiagem dos atores no epílogo da novela, ambientado em 1975, foi chamado o norte-americano Victor Merinow. Ele trabalhou com formas de gesso preparadas por Flory Gama, responsável pela máscara mortuária de Getúlio Vargas. O produtor Mariano Gatti utilizou um expediente curioso para simular a plantação de algodão de Antônio Dias (Tarcísio Meira): colou centenas de pedaços de algodão em outras espécies de arbusto. 


Curiosidades:
Ney Latorraca
 Escalada foi a estreia do autor Lauro César Muniz no horário das 20h da TV Globo. A novela abordou a questão do divórcio e estimulou o debate sobre a necessidade de leis que regulamentassem de maneira sistemática a separação dos casais. A Lei do Divórcio seria aprovada dois anos depois. 


Ney Latorraca estreou na TV Globo em Escalada. Felipe Alcântara Magalhães, a princípio um tipo pouco expressivo – que, segundo seu intérprete, passava o tempo deitado em uma rede, sem falar nada –, ganhou a simpatia do público, e o ator começou a fazer sucesso. A boa repercussão influenciou, inclusive, na trajetória do personagem. 

Suzana Vieira era Cândida
Susana Vieira fazia par romântico com Tarcísio Meira. Muito mais baixa que o galã, a atriz conta que tinha que subir numa lista telefônica durante as cenas de beijo. 

Lauro César Muniz considera Escalada um divisor de águas na sua carreira. Foi com esta novela que ele começou a elaborar tramas que estavam amarradas ao contexto social e político da história do Brasil. Curiosamente, a sinopse original nada tinha a ver com a novela que foi ao ar. O autor conta que havia escrito outra história, mais cerebral. Daniel Filho leu o texto, achou muito bom, mas observou que não reconhecia nele a sua marca. O autor decidiu, então, escrever uma nova sinopse, dessa vez baseando-se na trajetória do seu pai, um imigrante português que construiu a vida no Brasil trabalhando com algodão. 

Sandra Bréa
Censura:
Por imposição da Censura Federal, o nome do presidente Juscelino Kubitschek não podia ser mencionado pelos personagens, apesar da referência à construção de Brasília, da qual participava o protagonista da trama. Fabio Sabag, que também dirigiu a novela, lembra que a Censura Federal chegou a vetar uma cena em que o personagem Horácio, interpretado por Otávio Augusto, lia a carta-testamento de Getúlio Vargas – a passagem era fundamental para a trama. O diretor Daniel Filho, no entanto, ignorou o veto e a cena foi para o ar. Ninguém reclamou. 

Elenco:

Tarcisio Meira – Antônio Dias
Renée de Vielmond – Marina
Suzana Vieira – Cândida
Mário Cardoso – Ricardo
Milton Moraes – Armando
Ney Latorraca – Felipe
Nathália Timberg – Fernanda
Sérgio Britto – Facchini
Sandra Bréa – Roberta
Lutero Luiz – Tadeu/Miguel
Cecil Thiré – Pascoal
Oswaldo Louzada – Gabino
Ênio Santos – Arthur
Roberto Pirillo – Sérgio
Myriam Pérsia – Celina
Julio Cesar – Ricardo
Kátia D’Angelo – Vivian
Cristina Bittencourt – Vivian
Carlos Duval – Estevão
Tessy Callado – Marieta
Zeny Pereira – Braulina
Jorge Coutinho – Bastião
Paulo Ramos – Gastão
Nelson Dantas – Zé Sereno
André Valli – Zoreia
Zanoni Ferrite – Valdir
Otávio Augusto – Horácio
Rosita Thomaz Lopes – Noêmia
Henriqueta Brieba – Vó Dita
Maria Helena Dias – Odete
Tony Ferreira - Bruno


Trilha Sonora:
Nacional
Loura Ou Morena - Trama
Procissão de Saudade - Sílvio Caldas
Velho Realejo - As Três Meninas
Marina - Dick Farney
Pedreira - Coral Som Livre
Adeus Batucada - Carmen Miranda
Escalada - Orquestra Som Livre
Beatrice - Walker
Renúncia - Nelson Gonçalves
Aos Pés da Cruz - Orlando Silva
A Voz do Violão - Francisco Alves
Lábios Que Beijei - Orlando Silva
Dobrado 27 de Janeiro - A Bandinha
Festa de Algodão - Ruy Maurity

Internacional
Blue Suede Shoes - Elvis Presley
Bésame Mucho - Ray Conniff and Orchestra
Stupid Cupid - Neil Sedaka
Blue Gardenia - Nat King Cole
Banana Boat-Day-O - Harry Belafonte
Diana - Paul Anka
Only You - The Platters
Rock Around The Clock - Bill Halley & His Comets
Matilda - Harry Belafonte
Kiss Me Quick - Elvis Presley
Moonlight Serenade - The Glenn Miller Orchestra
Oh! Carol - Neil Sedaka
Tenderly - Nat King Cole
Put Your Hand On My Shoulder - Paul Anka

Abertura: (a partir de 8 minutos)

Sobre a novela

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