domingo, 3 de março de 2013

Especial Novelas - A Próxima Vítima (1995)




Suspense, traições e romances davam o tom da novela, cuja espinha dorsal era centrada em três perguntas: “quem matou?”, “quem será a próxima vítima?” e “por quê?”. Um Opala preto, que segue as vítimas, é o único indício de que o assassino está por perto. A trama policial tem como principais cenários a Mooca e o Bixiga, em São Paulo e também apresenta a história da batalhadora Ana (Susana Vieira), dona de uma cantina italiana, amante há 20 anos do mau-caráter Marcelo (José Wilker), com quem tem três filhos: Carina (Deborah Secco), Sandrinho (André Gonçalves) e Giulio (Eduardo Felipe). Marcelo é casado, por interesse, com a rica Francesca Ferreto (Tereza Rachel), mas vive um tórrido romance com a inescrupulosa Isabela (Claudia Ohana), sobrinha de sua esposa e noiva de Diego (Marcos Frota), que desconhece seu verdadeiro caráter. O verdureiro Juca (Tony Ramos), meio-irmão de Marcelo e dono de uma barraca de frutas no Mercado Municipal de São Paulo, é apaixonado por Ana, mas ela só tem olhos para o pai de seus filhos. Juca, por sua vez, é pai de Tonico (Selton Mello) e Iara (Georgiana Góes).

A história fica ainda mais movimentada com a chegada ao Brasil de Romana (Rosamaria Murtinho), outra irmã das Ferreto. Ela chega acompanhada do suposto filho adotivo Bruno (Alexandre Borges), que é, na verdade, seu amante. A mansão dos Ferreto é o cenário para as traições de Marcelo e Isabela. Ali também mora o casal Eliseo (Gianfrancesco Guarnieri) e Filomena (Aracy Balabanian). Irmã de Francesca, Filomena controla os negócios de sua tradicional família com mão de ferro, além de manipular a vida de muitos personagens, principalmente a do marido, um homem humilhado e submisso. A ambiciosa Carmela (Yoná Magalhães), irmã mais nova de Francesca e Filomena, também vive na mansão. Ressentida por ter sido abandonada pelo marido, ela projeta na filha Isabela sua esperança de conseguir um lugar de destaque no mundo. Ao longo da novela, Carmela se envolve com o jovem Adriano (Luigi Palhares). O autor usou a história para discutir as questões da relação de uma mulher madura com um rapaz mais novo.  

Com o desenrolar da trama, Francesca descobre o romance de Marcelo e Ana e fica inconformada com o fato de ele ter três filhos com a amante. Logo depois, ela é assassinada misteriosamente. Ela viajaria para flagrar o marido com a amante, mas é encontrada envenenada na sala do aeroporto. Uma série de assassinatos, aparentemente sem motivo e conexão entre si, passa a ocorrer na história. Intrigada com a sequência de mortes inexplicáveis, a jovem estudante de direito Irene (Vivianne Pasmanter) tenta descobrir não só a identidade do matador, mas quem será a próxima vítima. Paralelamente ao trabalho do detetive Olavo (Paulo Betti), Irene inicia uma minuciosa investigação após ver o pai, Hélio (Francisco Cuoco), e a tia, Julia (Glória Menezes), assassinados. Hélio foi envenenado por um uísque na sala VIP do aeroporto. O carro de Julia foi fechado por um Opala preto. O assassino lheu deu um tiro, e ela morreu horas mais tarde no hospital. Uma lista de horóscopo chinês, recebida pelas vítimas antes do crime, é o que há de comum entre todas as mortes.  

Entre os que morrem na trama estão, ainda, Leontina (Maria Helena Dias), cuja sela foi afrouxada de propósito, fazendo com que ela caísse do cavalo e batesse com a cabeça em uma pedra; Paulo Soares/Arnaldo Roncalho (Reginaldo Faria) foi atropelado pelo Opala preto no começo da novela; Josias (José Augusto Branco) foi empurrado na linha do trem; Yvete (Liana Duval) foi morta a pauladas em casa; o contador Cléber Noronha (Antônio Pitanga) foi empurrado no poço do elevador do prédio onde morava; Ulisses Carvalho (Otávio Augusto), irmão de Ana, morreu na explosão de uma pizzaria; e Eliseo morreu asfixiado por monóxido de carbono, após levar uma coronhada na garagem da mansão dos Ferreto.

Paralelo aos assassinatos em série, outros dois crimes ocorrem na trama, planejados ou executados por Isabela. O primeiro foi o de Andréia Barcelos (Vera Gimenez), secretária do Frigorífico Ferreto, assassinada com um tiro pela vilã. Depois, foi a vez de Romana Ferreto, afogada por Bruno na piscina da mansão dos Ferreto, enquanto estava dopada. Bruno estava executando um plano de Isabela. Ao fim da trama, descobre-se que todas as vítimas do assassino em série tinham ligação entre si. As mortes foram queimas de arquivo, em decorrência do assassinato de Gigio di Angelis (Carlos Eduardo Dolabella), morto a tiros em 1968. O criminoso é desmascarado no último capítulo: Adalberto (Cecil Thiré), marido de Carmela Ferreto e pai de Isabela, que havia sumido depois de ter gasto todo o dinheiro da esposa.

Tramas Paralelas:

Quadrilátero
Um personagem importante na trama é Zé Bolacha (Lima Duarte), um alegre caminhoneiro, contador de histórias, que adora Guimarães Rosa e faz citações poéticas. Zé Bolacha se envolve com Irene (Vivianne Pasmanter), muito mais jovem do que ele. Ela, por sua vez, é filha de Helena (Natália do Vale), que se interessa por Juca (Tony Ramos), filho de Bolacha, formando um quadrilátero de paixões entre as duas famílias. Helena era chamada por Vitinho (Flávio Migliaccio), tio de Juca, de “a bonitona do Morumbi”.
 
 Preconceito
Em uma de suas principais tramas paralelas, Silvio de Abreu abordou a questão do preconceito de brancos contra negros e vice-versa, levantando a discussão sobre se o preconceito no Brasil é social ou racial. Para tanto, o autor criou como um dos núcleos dramáticos da novela uma família negra de classe média. O pai, Cleber Noronha (Antônio Pitanga), é um íntegro contador, que trabalha para várias empresas. Casado com a secretária-executiva Fátima (Zezé Motta), construiu uma família bem-sucedida, formada pelos filhos Sidney (Norton Nascimento), um gerente de banco, Jefferson (Lui Mendes), estudante de Direito, e Patrícia (Camila Pitanga), que sonha ser modelo. 

Homossexualismo
O tema da homossexualidade foi apresentado na novela através da relação de Jefferson (Lui Mendes) e Sandro (André Gonçalves), filho de Ana (Susana Vieira) e Marcelo (José Wilker), e se transformou em um dos pontos altos de A Próxima Vítima. O envolvimento dos dois rapazes causou grande impacto sobre o público, com o “agravante” de ser um negro, e o outro, branco. 
  
Drogas
O autor também falou sobre drogas. Através do personagem Lucas (Pedro Vasconcellos), filho de Helena (Natália do Vale), mostrou-se a dificuldade enfrentada por ex-dependentes em se manter distantes dos entorpecentes. No início da trama, Lucas aparece internado numa clínica para dependentes químicos.
  
Prostituição
Através de Quitéria Quarta-Feira (Vera Holtz), o autor tratou da questão da prostituição como vocação. Quitéria é a melhor amiga de Ana (Susana Vieira), e uma mulher digna e generosa. Prostituta por opção, ainda exerce a profissão e não faz disso um drama. A personagem tem grande alegria de viver. 
  
Menores abandonados
A personagem Julia Braga (Glória Menezes), milionária que chega ao Brasil e se envolve numa campanha em prol dos menores de rua, serviu para discutir a questão do abandono de crianças no Brasil.
 
Cenas Marcantes:

Numa das cenas mais fortes da trama, Diego (Marcos Frota) espanca Isabela (Claudia Ohana) e a empurra do alto da escada da mansão dos Ferreto, no dia de seu casamento, quando descobre que ela o trai com Marcelo (José Wilker). Tempos depois, é a vez de Marcelo esfaquear a jovem, ao ser traído por ela com Bruno (Alexandre Borges), o amante de Romana Ferreto (Rosamaria Murtinho), tia da moça. Isabela ganha uma cicatriz no rosto. 

A cena em que Sandro (André Gonçalves), filho de Ana (Susana Vieira) e Marcelo (José Wilker), revela à mãe sua opção sexual é considerada emblemática na discussão sobre o homossexualismo no Brasil.

Curiosidades:

A novela chegou a seus capítulos finais cercada por grande suspense. Diante do assédio da mídia para descobrir o assassino e da repercussão da trama junto ao público, Silvio de Abreu foi obrigado a fazer algumas alterações no desfecho da história policial. Chegou-se a cogitar a exibição ao vivo do último capítulo, para evitar que o final fosse descoberto antes da transmissão. O autor conta que ele e o diretor Jorge Fernando resolveram gravar às 13h três possíveis desfechos – a novela ia ao ar às 20h30. Silvio de Abreu mandou as cenas alternativas para a emissora, com o capítulo já editado. Quando entraram no estúdio, os atores receberam suas falas, e só então ficaram sabendo quem era o assassino.  

Silvio de Abreu afirmou que a estratégia de escrever capítulos falsos foi usada durante toda a novela, com o objetivo de evitar que a imprensa publicasse quem iria morrer. O autor revelou que mantinha uma sinopse secreta, desconhecida até mesmo por José Bonifácio de Oliveira, o Boni, então vice-presidente de operações da TV Globo. Segundo Silvio, a identidade do assassino já estava definida desde a sinopse.

Claudia Raia contou que, quatro dias antes de terminar a novela, Silvio de Abreu pediu que ela fizesse uma participação especial. O autor exigiu sigilo absoluto e a orientou para que chegasse ao estúdio maquiada, e vestida com sua própria roupa, como quem faz uma visita aos amigos. Tudo já estava combinado com o diretor Jorge Fernando. A aparição da atriz no último dia de novela causou alvoroço no elenco e nos jornalistas, ávidos por descobrir quem era o assassino. Nos fundos de uma casa cenográfica, horas antes de a novela ir ao ar, o diretor gravou a personagem de Claudia fazendo uma breve caminhada e morrendo com um tiro. É a última cena da novela, que deixa no ar um novo mistério.  

O ator André Gonçalves chegou a ser espancado na rua por causa do personagem homossexual que interpretava na trama.  

Zé Bolacha foi inspirado num tio de Silvio de Abreu, chofer de caminhão em Catanduva (SP). O autor declarou que o personagem foi criado especialmente para Lima Duarte e, caso o ator não quisesse ou pudesse fazê-lo, “a novela perderia uma de suas mais intrigantes e simpáticas figuras”.  

Silvio de Abreu homenageou o amigo Gilberto Braga ao batizar de Felipe Barreto o cirurgião plástico que opera Isabela (Claudia Ohana) quando Marcelo (José Wilker) corta seu rosto com uma faca. A novela O Dono do Mundo (1991), de Braga, tinha como protagonista um cirurgião plástico homônimo, interpretado por Antonio Fagundes.  

A Próxima Vítima  foi uma das primeiras novelas de Deborah Secco, e a sua primeira no horário nobre da TV Globo. O bordão “Socorro!”, dito por sua personagem, Carina, surgiu do vocabulário da filha adolescente de Silvio de Abreu.  

Membros do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher condenaram e qualificaram como estímulo ao machismo as imagens em que Isabela (Claudia Ohana) é jogada da escada pelo noivo Diego (Marcos Frota) e esfaqueada no rosto pelo amante, Marcelo (José Wilker). 

A personagem Julia (Glória Menezes), que se envolve em uma campanha de apoio a meninos de rua, foi inspirada na artista plástica Yvone Bezerra de Mello, que se dedicava intensamente à causa na época, e m seu livro As Ovelhas Desgarradas e seus Algozes.  

Em função da venda para o mercado externo, Silvio de Abreu criou outro desfecho para a trama, sem prejudicar o mistério da novela. O autor voltou às imagens já gravadas, reeditou e eliminou algumas cenas, a fim de manter a coerência e o suspense da história. A versão exibida em Portugal teve como assassino Ulisses, personagem interpretado por Otávio Augusto. Essa mesma versão foi ao ar na reprise da novela na sessão Vale a Pena ver de Novo e em outros países. A Próxima Vítima foi reapresentada na TV Globo a partir de julho de 2000.  

Elenco:
José Wilker – Marcelo
Susana Vieira – Ana
Tony Ramos – Juca
Cláudia Ohana – Isabella Ferreto
Aracy Balabanian – Filomena Ferreto
Gianfrancesco Guarnieri – Eliseo Giardini
Tereza Rachel – Francesca Ferreto
Lima Duarte – Zé Bolacha
Yoná Magalhães – Carmela Ferreto
Rosamaria Murtinho – Romana Ferreto
Cecil Thiré – Adalberto Vasconcelos
Vivianne Pasmanter – Irene Ribeiro
Marcos Frota – Diego Bueno
Paulo Betti – Olavo
Natália do Valle – Helena Braga
Glória Menezes – Júlia Braga
Francisco Cuoco – Hélio Ribeiro
Maria Helena Dias – Leontina Mestieri
Carlos Eduardo Dolabella – Giggio de Angelis
Otávio Augusto – Ulisses Carvalho
Vera Holtz – Quitéria Quarta-Feira
Alexandre Borges – Bruno Biondi
Nicette Bruno – Nina Jiovani
Flávio Migliaccio – Vitinho
Zezé Motta – Fátima
Antônio Pitanga – Cléber
Vera Gimenez – Andréa
Liana Duval – Ivete
José Augusto Branco – Josias
Élcio Romar – Investigador Eurípedes
Patrícia Travassos – Solange
Mila Moreira – Carla
Norton Nascimento – Sidney
André Gonçalves – Sandrinho
Lui Mendes – Jefferson
Isabel Fillardis – Rosângela
Roberto Bataglin – Cláudio
Georgiana Góes – Iara
Selton Mello – Tonico
Déborah Secco – Carina
Camila Pitanga – Patrícia
Nizo Neto – Marco
Patrick de Oliveira – Arizinho
Hilda Rebello – Zulmira
Lídia Mattos - Diva
Andrea Avancini – Teca
Marcelo Barros – Cuca
Catarina Abdalla – Marizete


Trilha Sonora:

Nacional
Quem é Você – Simone
Sereia - Lulu Santos
Pacato Cidadão - Skank
Trilhas (Traces) - Guilherme Arantes
Happy Hour - Eduardo Dusek
Aliás - Djavan
Vítima - Rita Lee & Roberto de Carvalho
Pareço Um Menino - Fábio Jr.
Aleluie-me, Baby - Bad Girls
Catedral (Cathedral Song) - Zélia Duncan
Alguém Que Olhe Por Mim (Someone To Watch Over Me) - Cauby Peixoto
Io Che Amo Solo a Te - Sergio Endrigo
Estação São Paulo - Adriana Ribeiro
E Lucevan Le Stelle - Fernando Portari

Internacional
Black Roses - Inner Circle
I Live My Life For You - FireHouse
Be My Lover (Radio Edit) - La Bouche
I Got a Name - Jim Croce
More Than a Woman - Flava To Da Bone
Bizarre Love Triangle - Frente!
No More I Love You's - Annie Lennox
Let's Stay Together - Bobby Ross Avila
Holding On To You - Terence Trent D'Arby
Around The World - East 17
That's The Way - Double You
Independent Love Song - Scarlet
Tough Girl - Martine
Fotonovela - Alexis San Nicolas

Abertura:

Chamada de Reprise

Várias cenas de A Proxima Vitima

Marcelo esfaqueia Isabella

Todos os assassinatos
Último Capítulo - Versão Original

O Assassino na Reprise

Cenas com Natália do Valle
 
Chamada de Elenco:

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